25 de março de 2011

Criação de peixes

Por Bob Hansford.

Bons agricultores cuidam de suas plantações. Antes de plantarem eles se asseguram de que o solo esteja bem preparado. Eles selecionam boas sementes ou mudas. Eles regam as plantas regularmente e removem as ervas daninhas. Eles usam estrume ou fertilizante para ajudar as plantas a crescerem e ficam atentos quanto à pestes ou doenças. O esforço produz uma boa colheita mas preguiça ou negligência resultam em uma colheita ruim!

O mesmo acontece com a criação de peixes. O peixe se torna a colheita, o viveiro é o campo. A erva daninha é o peixe selvagem ou predador que compete pela comida ou come os peixes. Pestes e doenças também estão presentes! As pestes são os animais e pássaros que atacam os peixes. As doenças não são muito comuns mas camadas de fungos parecidos com algodão às vezes aparecem na sua pele ou nas guelras e parasitas podem invadir as guelras ou o estômago.

Um criador de peixes bem sucedido deve atender às necessidades dos peixes e protegê-los de seus inimigos. Criadores que negligenciam os seus peixes geralmente não obtêm sucesso!

Os peixes precisam de…

  • Água
  • Comida
  • Oxigênio
  • Segurança

Água

Esta é a necessidade mais óbvia e imediata deles, mas deve haver a quantidade e qualidade certas.

Profundidade Um dos lados do viveiro deve ter uma profundidade de 1–2 metros e um outro mais raso (30cm) para que os peixes possam se reproduzir.

Secas podem ser perigosas para os peixes. O ideal é que haja água durante o ano todo, apesar de que alguns tipos de peixes crescem suficientemente depressa para darem uma boa colheita em viveiros temporários (durante cerca de seis meses ao ano).

Enchentes podem causar o transbordamento do viveiro durante períodos de chuvas fortes, permitindo que os peixes escapem. Certifique-se de que as margens do viveiro sejam altas suficientemente para suportar o maior nível de enchentes registrado em sua região. Instale um tubo de escoamento com tela ou abra um canal para liberar o excesso de água.

A qualidade da água depende de substâncias nela dissolvidas ou suspensas. Se os nutrientes corretos estiverem presentes em quantidades suficientes, o viveiro produzirá uma grande quantidade de organismos microscópicos chamados plâncton. A água de correntes que passam por terrenos férteis é rica nestes nutrientes e boa para o viveiro. A água de uma fonte ou de um poço pode não ser tão boa, dependendo das rochas que estão no fundo.

Como conter a água?

Faça um buraco com 1–1,5m de profundidade no local proposto para o seu viveiro. Se ele se encher com água vinda de baixo, o local provavelmente fornecerá água suficiente. Se ele não se encher naturalmente, despeje alguns baldes de água. Volte no dia seguinte. Se a água desapareceu, é provável que o local seja seco demais, a menos que seja usado um revestimento (veja a página 5). Se a água ainda estiver lá, você poderá ter então um local apropriado mas precisará de água de uma fonte externa para encher o viveiro.

Alimento

Há duas fontes de alimento para peixes: naturais e complementares.

Alimentos naturais – plantas e animais que vivem no viveiro e material orgânico morto ou em decomposição no fundo do viveiro. Tipos diferentes de peixes comem alimentos naturais diferentes. Alguns procuram insetos ou minhocas no fundo. Alguns comem plantas submersas ou rastejantes; outros apanham plantas e animais pequenos na água.

Fertilizantes orgânicos (adubo ou estrume) são geralmente os melhores e mais baratos. O adubo é feito misturando-se restos de legumes e verduras, mato e estrume animal em um monte fora do viveiro. Cubra-o para protegê-lo contra a chuva e deixe decompor durante 2–3 meses. Acrescentando-se uma mão de super fosfato triplo aumentará sua eficácia (uma parte de SFT para 40 partes de adubo).

Adicione fertilizante orgânico uma vez por semana a um cesto no canto do viveiro. Para um viveiro de 10 metros por 15 metros você precisará de…

  • 10kg de adubo
  • ou 5kg de estrume de gado bem decomposto
  • ou 2,5kg de estrume de galinha bem decomposto.

Se, pelo contrário, você escolher fertilizantes químicos, é melhor buscar conselhos do departamento governamental responsável pela pesca, pois há vários fertilizantes disponíveis. Como guia, 150g de uréia e 400g de SFT seriam necessários para um viveiro de 10 m x 15 m cada semana. Reduza a quantidade de fertilizante (orgânico ou químico) na estação seca, quando há menos água no viveiro.

Água barrenta não contém muita comida. Ela geralmente é encontrada em viveiros novos ou em viveiros com solo descoberto ao redor das margens. O barro pode ser reduzido plantando-se grama nos lados do viveiro e adicionando-se uma quantia medida de óxido de cálcio à água. Consulte o departamento governamental de pesca para orientação. Uma indicação geral é usar 2 colheres de chá de óxido de cálcio por metro quadrado.

Alimentos complementares são trazidos de fora como alimento extra. Os tipos usados dependem do tipo de peixe e da disponibilidade de materiais apropriados a um preço baixo. Exemplos incluem:

  • farelo de arroz
  • restos de comida, cascas de legumes e verduras
  • cupim
  • grama cortada
  • vários bolos à base de óleo (alguns podem precisar ser aquecidos primeiro para destruir toxinas)
  • cascas de mandioca.

Quanto alimento? Geralmente os peixes comem cerca de 5% de seu peso em comidas suplementares por dia. Por exemplo, 100 peixes pesando 250g cada (peso total de 25kg) precisarão de cerca de 1,25kg de comida suplementar por dia.

A comida deve ser fornecida do mesmo local todos os dias, preferencialmente metade de manhã e metade no início da noite. Os peixes em breve formam o hábito de vir para comer. Se alguma comida sobrar, reduza então a quantidade dada no dia seguinte.

Medindo os alimentos naturais

A quantidade de alimento natural no viveiro pode ser medida colocando o seu braço na água até que seu cotovelo esteja na superfície da água. Se a água estiver tão verde que você não pode ver seus dedos, então há uma grande quantidade de alimento na água. Se os seus dedos são vistos claramente, então você precisa aumentar o alimento natural usando estrume, adubo ou fertilizantes químicos. Se a água estiver tão verde que você não consegue ver nada do seu braço, pode haver uma quantidade demasiada de nutrientes na água. Neste caso, pare de adicionar fertilizantes ou adubo até que a água fique mais clara.

Mantenha uma variedade de peixes

Misture os diferentes tipos de peixes no viveiro (mas não predadores) para que todas as comidas diferentes sejam consumidas.

Oxigênio

A necessidade despercebida dos peixes é o oxigênio para respirar. Os peixes obtêm oxigênio da água que passa por suas guelras. Alguns tipos de peixes (tal como o peixe-gato) podem sobreviver em águas com muito pouco oxigênio porque eles podem respirar diretamente do ar.

A quantidade de oxigênio na água aumenta durante o dia, mas diminui durante a noite, sendo o nível mais baixo por volta do amanhecer.

Falta de oxigênio é geralmente causada por um dos seguintes motivos…

  • excesso de matéria orgânica se decompondo no viveiro (folhas mortas, comida não consumida, restos de adubo)
  • excesso de peixes
  • muitas plantas ou algas verdes na água (a água parece muito verde e pode haver uma espuma verde na água).

Ação necessária…

  • Adicione água limpa de correntes ao viveiro, tomando-se cuidado para se colocar um filtro no tubo por onde a água entra. (Água de poço ou de fontes não ajudam pois têm muito pouco oxigênio).
  • Reduza a quantidade de alimento, talvez parando por completo por alguns dias.
  • Remova o cesto com adubo, se houver um, do viveiro.
  • Retire alguns dos peixes.
  • Bata na superfície da água com galhos de bambu.

Não entre no viveiro pois misturar o conteúdo do fundo do viveiro pode fazer com que o problema piore.

Os seus peixes conseguem respirar?

Verifique seu viveiro a cada dia, logo pela manhã. Se os peixes estiverem todos pela superfície em busca de oxigênio, então isto significa que o nível de oxigênio está perigosamente baixo. Na manhã seguinte, os peixes podem estar todos mortos! Necessário agir.

Segurança

Os peixes precisam ser protegidos de seus inimigos. Estes incluem peixes predadores, lontras (ou outros animais que comem peixes), pássaros, cobras e ladrões de peixes!

Peixes predadores podem entrar no viveiro de várias maneiras:

  • um canal aberto, vala ou tubo – proteja então usando grades, filtros ou armadilhas finas para peixes
  • misturados com peixes novos – examine-os cuidadosamente e compreos de um fornecedor de confiança
  • como ovos na lama no fundo do viveiro – certifique-se de que o viveiro esteja seco e tratado com limo antes de ser cheio e estocado.

Lontras são conhecidas como udh em Bengali. Você pode usar outros nomes para elas. A única proteção é construir uma cerca fechada ao redor do viveiro ou usar um vigia!

Pássaros podem ser assustados por pessoas. É util cavar o viveiro perto de um local onde moram ou trabalham pessoas.

Cobras são difíceis de serem mantidas fora. Tente manter os lados do viveiro livres de grama comprida ou construa cercas bem apertadas.

Ladrões geralmente atacam durante a noite e usam redes e outras maneiras de apanhar os peixes. Alguns agricultores colocam varas de bambu ponteagudas no fundo do viveiro ou colocam galhos de árvores na água. Isto dificulta o roubo.

Venenos Peixes também precisam de proteção contra venenos. Há três fontes principais…

  • pesticidas – usados contra insetos nas casas ou no campo
  • imersão de gado/ovelhas – usada para controlar parasitas da pele
  • sementes de árvores.

Nunca lave um recipiente de pesticida ou máquina de pulverização dentro ou próximo de um viveiro com peixes. Corte os galhos de quaisquer árvores que produzem sementes e que estejam sobre o viveiro.

Estocando o viveiro

Para iniciar você vai precisar de um abastecimento de peixes. Algumas das espécies mais comuns de peixes usadas são a carpa, tilapia e peixe-gato. Se você escolher mais de um tipo de peixe, certifique-se de que eles possam viver juntos facilmente. Por exemplo, o peixegato come peixes novos. Se você criar apenas o peixegato você poderá ter de comprar ou criar peixes pequenos para alimentá-los.

O transporte dos peixes pode causarlhes problemas e deve ser sempre feito o mais rapidamente possível. Assim, quanto mais próximo o seu fornecedor de peixes estiver, melhor para os peixes. Quando você adquirir os seus peixinhos, deixe o recipiente dos peixes dentro do viveiro até que a água no recipiente tenha a mesma temperatura da água do viveiro. Os peixes podem então ser soltos gradualmente dentro do viveiro.

O número de peixes que pode viver em um viveiro depende de quatro fatores…

  • do tamanho do viveiro
  • dos tipos de peixes existentes
  • do tamanho dos peixes
  • da quantidade de alimentos complementares que você pode dar aos peixes
  • da profundidade da água.

Se você tiver um departamento governamental de pesca ou outros projetos de pesca próximos, peça conselhos.

Se você, ao começar, armazenar em grande quantidade, quando os peixes são pequenos, você deverá reduzir o número rapidamente quando os peixes começarem a crescer. Para a tilapia, é recomendado que você comece com um nível de armazenamento de dois peixes por metro quadrado. Com carpas indianas ou chinesas, os níveis de armazenamento são menores – menos de um peixe por metro quadrado (100 em um viveiro de 10m x 15m).

Produção de peixes

Isto será determinado pelo tipo e número de peixes no viveiro, pela quantidade de comida complementar e pelo tipo de administração. Números típicos de produção variam de 20kg a 50kg de peixe por ano para um viveiro de 10m x 15m (equivalente a 1.250–3.370kg por hectare por ano).

Bob Hansford trabalhou no Bangladesh durante seis anos com a Tearfund. Ele treinou agricultores locais em técnicas de criação de peixes. Ele agora trabalha na Seção da Ásia da Tearfund.

Níveis de estocagem sugeridos para a tilapia…

Quantidade do peixe: 50gm

Quantidade por metro quadrado: 2

Quantidade em um viveiro de 10m x 15m: 300

Quantidade do peixe: 200gm

Quantidade por metro quadrado: 1

Quantidade em um viveiro de 10m x 15m: 150

Conheça os seus peixes!

Tilapia (espécie Oreochromis) Oreochromis niloticus é considerada a melhor espécie para os países quentes.


Um bom viveiro possui…
  • água verde, 1–2 metros de profundidade
  • nenhuma árvore grande suspensa sobre ele
  • grama crescendo nas margens, cortada curta para evitar a presença de cobras
  • nenhuma planta flutuante (a menos que seja necessária para os peixes se reproduzirem)
  • tubos de entrada e escoamento com grades ou filtros
  • uma cerca para manter lontras do lado de fora
  • um balde de adubo no canto
  • uma população variada e controlada de peixes
Fonte: http://tilz.tearfund.org/Portugues/Passo+a+Passo+21-30/Passo+a+Passo+25/Cria%C3%A7%C3%A3o+de+peixes.htm Ou: http://anzoldepratapiscicultura.com.br/criacaodpeixes.html Ou versão em espanhol: La crianza de peces http://tilz.tearfund.org/Espanol/Paso+a+Paso+21-30/Paso+a+Paso+25/La+crianza+de+peces.htm Em francês: L’élevage de poissons http://tilz.tearfund.org/Francais/Pas+%C3%A0+Pas+21-30/Pas+%C3%A0+Pas+25/L+%C3%A9levage+de+poissons.htm

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