17 de agosto de 2011

Cozinha Auto-sustentável



Por Adrian Rupp

O objetivo deste artigo é fornecer dicas para ampliar a auto-sustentabilidade no preparo de alimentos.

São pouco divulgadas as alternativas para reduzir os custos e resolver nossos problemas com recursos próprios, já que nossa dependência é que sustenta muitas empresas. Mas existem soluções que ampliam nossa autonomia, nos empoderam e ampliam nossa segurança.

Clique nas palavras sublinhadas para obter mais informações.



Pré-requisitos


1. Produção de alimentos

Não dá para pensar numa cozinha auto-sustentável sem pensar em produção de alimentos na própria comunidade. Quanto maior a quantidade e variedade melhor. Muitas vezes o potencial culinário de um alimento é desconhecido e por isso há várias listas de receitas com diferentes alimentos neste blog. Isso pode evitar que algum alimento seja menosprezado por sempre ser preparado da mesma forma.

É muito comum comunidades ignorarem alimentos que dispõem e gastarem dinheiro comprando outros. Daí a necessidade de conhecer muitas receitas e descobrir as que podem agradar o gosto das pessoas.


2. Água

Qualquer cozinha usa água e após o alimento, a água é o segundo item mais importante para a auto-sustentabilidade na cozinha.


3. Fogão

Grande parte dos preparos exige aquecimento dos alimentos. Enquanto o paradigma da dependência inseriu o gás e a eletricidade como necessárias para aquecer alimentos, quem busca independência encontra outras alternativas:


Fogueira: É provavelmente a forma mais simples de aquecer alimentos: basta fogo e lenha. Seu uso é parte do que caracteriza o surgimento do ser humano. Hoje já existe uma ampla variedade de técnicas de aquecimento com fogueiras incluindo técnicas que usam pedras aquecidas em fogueiras para ferver ou aquecer refeições.

Sua principal desvantagem é a dificuldade de usa-la em ambientes fechados. A altura do trabalho e falta de uma superficie plana encomodam alguns.

Algumas moradias são construídas de modo a viabilizar o uso de fogueiras internamente para aquecimento, iluminação, afastar insetos e reduzir a umidade. É o caso das casas mbya-guarani.


Fogão à Lenha: Resumidamente é uma fogueira sem seus defeitos. Em contra partida não é portátil e exige lenha num tamanho reduzido. E precisa ser comprado ou fabricado. Em climas muito frios ou úmidos, ela ajuda a deixar o ambiente mais agradável.


Forno de Barro: Muito usado para pães, bolos, pizzas, biscoitos, etc.


Churrasqueira: Muito usadas para assar carnes.


Fogão Solar: É a alternativa menos usada. Só funciona durante o dia e em dias com Sol. E para complicar mais, o cozimento geralmente é mais lento. Porém qualquer comunidade (que tenha Sol) vai ter um ganho econômico se adotar fogões solares. Enquanto as outras alternativas exigem a obtenção de algum combustível acarretando gastos econômicos, o Sol já está ai para cumprir este papel.



Conservação de Alimentos


Este é um tópico bastante complexo, existem livros inteiros sobre isso. Vou citar rapidamente o uso de folhas de eucalipto, retirada do ar de vidros, fervura, desidratação, preparo de geléias, resfriamento usando lagos e rios, etc.

Merece destaque o pouco conhecido refrigerador do deserto também chamado de pote no pote (pot-in-pot). É um sistema de dois potes de barro separados por uma camada de areia molhada. A temperatura interna fica aproximadamente 15ºC mais baixa em relação ao ambiente externo.

O fogão solar de funil é capaz de refrigerar alimentos à noite.

Vídeo ensinando a usar o sistema pot-in-pot: (em inglês)

http://www.youtube.com/watch?v=LfKgOpJc7Ps



Utensílios


Não recomendo os talheres com cabo de plástico pois estragam mais fácil do que os cabos metálicos e de madeira.

Usar recipientes, copos, mamadeiras de plástico, creio que não seja recomendo num país como o Brasil onde o Bisfenol-A ainda é permitido. Sem contar a baixa resistência à altas temperaturas e o gosto que persiste.

Panelas de alumínio ameaçam a saude.

Temos muito a aprender com povos orientais. Indianos usam as mãos como talheres e folhas de bananeiras como pratos. Japoneses utilizam apenas pequenos palitos de madeira (hashi) como talheres.

Eletrodomésticos devem ser evitados, pois geram dependência elétrica e tem manutenção difícil.



Lavando louça


Como lavar menos louça:

Buscar formas de se lavar menos louça é importante para pouparmos tempo, água e sabão. Observem que algumas refeições podem ser comidas com as mãos enquanto outras exigem vários talheres e recipientes. Uma banana, por ex. levada a mesa com a casca vai levar as pessoas a come-la com as mãos enquanto que as mesmas bananas servidas descascadas cobertas com uma calda, demandará um grande volume de louças.

Por outro lado, servir laranjas descascadas e cortadas em cubos cobertas por calda pode poupar um grande numero de facas que seriam usadas se as laranjas fossem apresentas com as cascas. Outra estratégia é planejar a refeição de modo que vários alimentos possas ser consumidos utilizando a mesma louça. Prepara-se mais de um alimento que usa a mesma louça e guardamos os que não usam para outra refeição. Enfim, quem planeja o prato tem poder de reduzir o desperdício de recursos.


O sabão para lavar louça pode ser produzido na comunidade. Pode se usar uma bucha vegetal para lavar.


Os hábitos no preparo de alimentos variam muito entre diferentes comunidades, e não podemos querer que mudanças radicais ocorram em pouco tempo. Cabe a cada comunidade escolher suas próprias práticas. Apenas estou passando algumas dicas que são pouco divulgadas mas que podem reduzir gastos monetários.

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